quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O QUE VOCE ESTÁ ESCULPINDO AGORA?


Recebi a encomenda de uma nova versão da minha obra mais famosa: O Pensador. O mecenas da vez é um milionário da Web, coinventor de uma rede de microblogs, da qual, confesso, também sou usuário. Aceitei o trabalho por vários motivos. Primeiro, porque gostei do desafio. Acho que nem escultura pode ser dar ao luxo de ser imutável nestes tempos de Internet. Tudo muda o tempo inteiro: países, economia, moda, comportamentos. Por que não 800 quilos de bronze esculpidos? Segundo que, como usuário de redes sociais, entendi que a mensagem dessa nova versão do meu maior hit é bem oportuna e repleta de significados: faz uma ponte entre o período dos grandes filósofos iluministas e os dias de hoje. De que adianta ser um pensador se ninguém tiver acesso aos seus pensamentos? Mais: quem vai se interessar pelo que você pensou se precisar mais de 140 caracteres para ser dito? E por fim, e não menos importante, não custa nada pensar um pouquinho antes de tuitar algo como: “O furúnculo na minha nádega saiu para fora. Acho que vou ter que ir para casa”. Não que eu ache que você só deva postar iluminações. Nada disso. O bom dessa brincadeira é ler o post com a reflexão do Millôr “Quem mata o tempo não é assassino: é suicida” e logo abaixo uma piada do tipo “Sabe o que o Saci disse pra Saci fêmea? Fica de três, amor”. Mas a inspiração e a motivação definitivas para realizar essa nova versão de O Pensador encontrei dentro de casa, na relação com a minha mulher. Camile tem reclamado que eu nem a olho mais, que não tiro os olhos do celular, que só tenho atenção para as redes sociais. Já disse a ela que, se quiser reclamar, que faça um login e me escreva. Prometi segui-la. A verdade é que Camile está enlouquecendo com esse meu novo hábito. Vou ter que tomar providências.

Bom, com vocês, aí em cima, o tuitador de Rodin.